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Writer's pictureGamboa do Jaguaribe

Conhecer é preciso!


Foto por Ana Paula Campos


Sempre que nossos povos dialogam sobre o óbvio no tocante às questões étnico-raciais, direito a políticas afirmativas, racismo, opressões e qualquer outro tipo de situação que tentam nos colocar em uma posição subalternizada, a branquitude tenta defender, de foram rasa, o espaço tomado. É comum ouvir como retornos respostas do tipo “racismo reverso”, “militância seletiva”, “você está generalizando” e até mesmo o velho “mimimi”. Como se nossas pautas, que tantos tensionamos, fossem a partir de opiniões. Conhecer nossas pautas e as opressões que acontecem conosco é preciso!


Historicamente, o povo branco tem privilégios e acessos; é importante levar em consideração que nossos povos são a maioria na sociedade nessas terras da Pindorama (pretes, quilombola, indígenas, LGBTQI+, ciganos, pessoas com deficiência e demais grupos subalternizados). Até os dias atuais sofremos exclusões em diversos aspectos na sociedade. A reparação histórica é contínua; não lutamos por igualdade e sim por equidade. A ideia disseminada de que somos minoria é justamente para nos colocar em um local atípico de acessos.


Semanas atrás um grupo de whatsapp, especifico de pessoas que atuam na área audiovisual do RN, foi palco de um bombardeio racista desmascarado contra pessoas que pautaram em suas sugestões um recorte étnico-racial de acesso aos recursos para produções audiovisuais. Violência pelas condutas, palavras e até mesmo o silêncio, já que, a partir do momento que é silenciado diante de ataques racistas, você também é conveniente com a situação. Manter-se neutro em situações como estas não fará ninguém menos culpado.


Em outras vitrines tecnonarcisistas, como o Facebook e Instagram, não é diferente. Vejo pessoas compartilhando trabalhos de pessoas brancas em diversos eixos culturais, como se estivessem dando algum tipo de visibilidade aos povos da periferia, indígenas, negras, quilombolas, ciganas, dentre outros povos que são colocados às margens. Mas esses trabalhos não são feitos COM e PARA nossos povos e sim apenas SOBRE, porque o povo branco jamais vai querer sair, nem dividir seu pedestal, e continuarão defendendo-se, achando que estão certos, baseados em uma opinião própria, fortalecida pelo pacto da branquitude.


Antes que a branquitude venha com aquele papo desconexo de vitimismo, é importante saber que nossos povos têm potencial para saírem das justificativas dos projetos brancos e fazer por nós mesmos as nossas narrativas sem intervenções. É só uma questão de tempo para que possamos ter acesso aos recursos para produções artísticas e culturais como deveríamos ter.

Acompanhar e conhecer o trabalho dos nossos povos (na literatura, audiovisual, cinema, artes visuais e tantos outros eixos artísticos e culturais), assim como estudar sobre as questões étnico-raciais é preciso!


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